Você certamente já ouviu falar sobre a descarbonização em algum momento. Afinal, diante de inúmeros desafios que o planeta tem enfrentado ambientalmente, incluindo a questão das mudanças climáticas evidentes, este termo tem se tornado cada vez mais repetido fora de discussões técnicas.
No entanto, a verdade é que nem todas as pessoas sabem exatamente o que significa, de fato, a descarbonização, bem como seus benefícios e os setores que devem considerá-la em suas realidades.
Neste artigo, você vai encontrar os principais conceitos, benefícios e desafios sobre a descarbonização, e entender um pouco melhor porque práticas voltadas para este objetivo são tão importantes na atualidade.
De maneira geral, o termo descarbonização está relacionado à necessidade da redução das emissões de carbono na forma de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, um dos maiores desafios globais enfrentados nas décadas mais recentes. Por isso, está na agenda de determinadas empresas com vieses sustentáveis como uma das principais práticas ESG.
É a partir da descarbonização que especialistas desenham estratégias e diretrizes práticas para reduzir o impacto negativo de diversas ações humanas que tendem a prejudicar o meio ambiente, como processos industriais, meios de transporte que utilizam combustíveis fósseis e a geração de energia.
No entanto, é importante deixar claro que, apesar de ser chamado de descarbonização, este processo pode envolver outros gases do efeito estufa, os quais são avaliados perante sua capacidade de reter calor na atmosfera (GWP) e esta capacidade é medida nas chamadas unidades de carbono equivalente. Em outras palavras, outros gases como, por exemplo, metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), são convertidos de maneira a equivaler à quantidade de CO2.
Vale destacar que em processos de descarbonização, idealiza-se a neutralização total das emissões. Porém, como isso ainda é inviável por fatores que podem variar de caso para caso, busca-se a compensação por meio de outros mecanismos, dentre os quais o mais reconhecido e aplicado no Brasil consiste em créditos de carbono.
Assim, a descarbonização é considerada uma ferramenta crucial frente aos desafios das mudanças climáticas – como os efeitos do aquecimento global –, às ações sustentáveis que possam prevenir ou reduzir impactos negativos já gerados, e à promoção de benefícios e propostas de uma economia mais sustentável e de baixo carbono, considerando inclusive metas alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Alguns destes benefícios envolvem:
Adoção de energias renováveis;
Projetos de melhoria de eficiência energética nos setores da indústria, agricultura e até mesmo em residências;
Utilização de meios de transporte sustentáveis;
Gerenciamento responsável de ecossistemas;
Planejamento urbano com visão sustentável;
Entre outros.
Não à toa, ações sociais, industriais e culturais que visem a limitação da emissão de gases que potencializam o efeito estufa estão nas principais pautas da descarbonização. Afinal, tratam-se de medidas que naturalmente devem preservar o meio ambiente e consequentemente impactar positivamente a economia, ajudar a proteger comunidades vulneráveis, favorecer aspectos da segurança alimentar, entre outras transformações necessárias.
Como se pode notar, são diversas as maneiras que a descarbonização pode ser útil. Confira alguns dos principais benefícios para a adoção e incentivo destas práticas:
O benefícios mais claro ligado à descarbonização é o que o próprio termo sugere: a redução da emissão de gases como dióxido de carbono, metano, dióxido de enxofre e óxido nítrico.
Sabe-se que tais gases estão diretamente ligados ao aumento da temperatura média global e suas consequências, que vão desde o derretimento das geleiras, até a acidificação de águas dos oceanos, prejuízos à fauna e flora, ocorrência de eventos climáticos extremos e, claro, impacto à saúde e bem-estar da população humana.
Como mencionado, a descarbonização colabora com a saúde da população, especialmente sobre a qualidade do ar, a qual é afetada com maior intensidade em regiões mais populosas e industrializadas.
Quando é reduzido o consumo de combustíveis fósseis, por exemplo, gases estufas e partículas de pequenas dimensões tendem a não atingirem a população, reduzindo as chances de problemas pulmonares e até mesmo cardiovasculares causados por toxinas que possam vir a ser inspiradas.
Além disso, é importante mencionar a influência na redução dos riscos associados ao mercado de petróleo, carvão e gás natural, assim como às instabilidades geopolíticas ligadas aos setores energéticos mundiais.
Ainda, destaca-se que a preferência por energias limpas, como energia solar, eólica e elétrica (controlada), também contribui para este importante quesito.
O objetivo da descarbonização também coloca em pauta a criação e estímulo de novas tecnologias limpas e sustentáveis, sejam em planos de governo público, como o incentivo a transporte sustentável, armazenamento de energia limpa e empregos em setores ambientais, ou setores industriais, como a adoção de planos de produção mais limpa (P+L) e outros.
Vale destacar que tais ações estão relacionadas a diversos tipos de investimento com previsão de alta lucratividade, as quais também entram na baliza de quem avalia este tipo de situação no médio e longo prazo.
Além de favorecer a regulação de práticas sustentáveis e sociais inteligentes e com visão no futuro, a descarbonização tende a promover uma competição de mercado benéfica, com destaques para marcas e projetos públicos ou privados.
Não é novidade que os desafios ligados às mudanças climáticas e, consequentemente, à sustentabilidade, sejam alvo de interesse e conhecimento da população mundial.
No entanto, se por um lado, especialistas alertam há décadas sobre alternativas de redução de impacto neste sentido, por outro, nem sempre este tipo de informação é divulgada de maneira popular e suficiente em prol da conscientização e transformação real que o planeta necessita.
Mas a problemática vai um pouco mais além da comunicação efetiva. Assim, é importante evidenciar quais são as principais barreiras da descarbonização, que podem ser identificadas no Brasil e no mundo a nível governamental, industrial e social. Dentre estas estão:
Limitações tecnológicas e custos imediatos de transição para uma estratégia econômica de baixo carbono;
Infraestrutura limitada para execução de ações;
Investimento financeiro limitado em armazenamento de energia;
Desinteresse populacional por falta de divulgação popular sobre o tema;
Confrontos entre visões imediatistas e de médio e longo prazo com relação à gestão ambiental.
Em contrapartida, milhares de oportunidades são identificadas por instituições, empresas e governos que entendem o impacto positivo da descarbonização desde sua idealização.
Exemplo disso é o Energias da Amazônia, o maior programa de descarbonização do mundo, o qual visa diminuir a utilização de óleo diesel na produção de energia na região, o substituindo por bagaço de cana, devido ao fato de que durante seu crescimento, a cana filtra a quantidade de carbono que emite em seu processo de queima. Assim, contribui com a redução da emissão de gases de efeito estufa e promove a geração de energia por fontes renováveis.
Além disso, muitas são as pessoas e profissionais que têm se engajado em ações conectadas ao ideais de uma economia de baixo carbono, tanto local quanto global.
A descarbonização já é consolidada como uma das principais alternativas favoráveis ao gerenciamento ambiental a nível global, e sua implementação é visada pelos benefícios evidentes que promove a curto, médio e longo prazo no sentido de se implementar uma economia de baixo carbono.
Frente à crise climática do planeta e à necessidade de consolidar práticas socioambientais com base na economia sustentável, a descarbonização já é considerada um objetivo indispensável por muitos para empreendimentos de todos os portes.
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